IBGE admite 'erros graves' na Pnad e diz que desigualdade caiu
Dado equivocado também mudou resultado sobre analfabetismo.
Diretor de pesquisas nega que tenha havido interferência política.
O equívoco afetou diversos índices divulgados, como analfabetismo e o índice de Gini, que calcula o nível de desigualdade no país. O valor desse índice varia de zero (a perfeita igualdade) até um (a desigualdade máxima).
Na quinta foi informado que o índice foi de 0,496 (em 2012) para 0,498 (em 2013). Mas o número correto, segundo o IBGE, é de 0,495.
O índice de analfabetismo caiu de 8,7%, em 2012, para 8,5% em 2013 - e não 8,3% como primeiramente informado.
O diretor de Pesquisas do IBGE, Roberto Olinto, disse que não houve interferência política (veja vídeo acima).
"Não há o menor indício de pressão. Nós encaramos o fato como um acidente estritamente técnico e que será investigado. O processo do trabalho será investigado. O IBGE está extremamente abalado por isso, mas identificado o erro, ele é assumido", afirmou.
A presidente do IBGE disse que o instituto "errou e nós pedimos desculpas pelos transtornos. Estamos aqui abatidos com esse erro. Vamos fazer o máximo possível para esclarecer".
Segundo Olinto, a greve recente de funcionários do instituto não atrapalhou o processo. Em abril, o instituto decidiu suspender até janeiro de 2015 a divulgação dos resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), lançada para substituir a tradicional Pnad anual e a Pesquisa Mensal de Emprego (PME), através de uma metodologia mais abrangente. No entanto, voltou atrás em maio.
À época, por causa da suspensão da divulgação, a então diretora de Pesquisa do IBGE, Marcia Quintslr, pediu exoneração do cargo. Ela comandava uma das 4 diretorias do IBGE, que em conjunto com 3 coordenadores compõem o conselho diretor do instituto, e discordou da suspensão. Técnicos do instituto também protestaram contra a suspensão, e propuseram entrar em greve.
Outra correção
A taxa de desocupação foi mantida em 6,5%, como originalmente informado, uma alta em relação a 2012 que era de 6,1%. Mas o aumento da população desocupada, segundo o anúncio do IBGE, foi menor: não era 7,2% e sim 6,3%.
Segundo a nota divulgada os erros ocorreram no processo de expansão da amostra do Pnad 2013, o que provocou alterações nos resultados de sete estados: Ceará, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul.
"No processo de expansão da amostra da PNAD 2013, foi utilizada, equivocadamente, a projeção de população referente a todas as áreas metropolitanas em vez da projeção de população da Região Metropolitana na qual está inserida a capital", diz nota divulgada.
O instituto também afirma que "ao constatar esse erro o IBGE tomou imediatamente as seguintes providências: recalculou os novos fatores de expansão; as estimativas de indicadores; e refez o plano tabular, com suas respectivas precisões".