quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Microcrédito com taxa de 8% agora em todo o País

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O montante a ser emprestado pode chegar a R$ 15 mil, mas a forma de pagamento será acordada com o próprio banco, dependendo do empreendimento e do uso do dinheiro
 
MIGUEL PORTELA
 
Governo federal lança programa para incentivar o crédito produtivo, favorecendo a geração de emprego e renda
"Com pequenos negócios se constrói um grande País". Foi com esse mote que o Governo Federal lançou, ontem, o Programa Nacional de Microcrédito, o Crescer.
 
A iniciativa, que tem como exemplo o Crediamigo, do Banco do Nordeste (BNB), visa incentivar o microcrédito produtivo orientado, favorecendo a geração de emprego e renda a partir dos micro e pequenos empreendedores com teto de faturamento anual de R$ 120 mil. 
 
A iniciativa foi apresentada pela presidente Dilma Rousseff; pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega; e pelos presidentes da Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil (BB) e da Amazônia (Basa), instituições públicas que vão operar o Programa, além do próprio BNB.

A principal modificação com relação ao crédito concedido usualmente pelas instituições a esses pequenos empresários está na taxa de juros. Ela foi reduzida de 60% para 8% ao ano. A TAC (Taxa de Abertura de Crédito) também foi abrandada, passando de 3% para 1% sobre o valor total financiado. Assim como no Crediamigo, o montante a ser emprestado pode chegar a R$ 15 mil, mas a forma de pagamento será acordada com o próprio banco, dependendo do empreendimento e do uso a ser feito com o dinheiro.

Inicialmente, o plano começará apenas com os bancos públicos, mas a ideia é que os privados - os quais ainda não veem rentabilidade no microcrédito - também adiram.

Acesso a recursos
"O nosso objetivo é garantir a milhões de pequenos empreendedores, alguns que ainda estão na informalidade, acesso a recursos para investimentos em condições mais adequadas, com juros muito mais baixos - porque, na verdade, 2,5%, 4% ou 5% ao ano de taxa de juros não é, sob nenhuma circunstância, adequado. E queremos dar essas condições para que eles possam abrir e expandir seu negócio e gerar riqueza para o Brasil", afirmou a presidente durante a solenidade.

A meta do governo é beneficiar 3,4 milhões de clientes até o fim de 2013, com uma carteira ativa de até R$ 3 bilhões, dividida entre os bancos públicos. Hoje, o CMN (Conselho Monetário Nacional) deverá aprovar resolução determinando o percentual de 2% dos depósitos à vista que serão destinados ao microcrédito produtivo orientado, taxa essa que será ampliada de forma escalonada. 
 
De acordo com Gilson Bittencourt, secretário adjunto do Ministério da Fazenda, a partir de janeiro de 2012, será aumentada para 10% essa exigência de aplicação dos recursos dos bancos em microcrédito orientado; evoluindo para 40% em julho; 60%, em janeiro de 2013; e, finalmente, 80% em julho do mesmo ano. "Se esses recursos não forem suficientes, podem ser ampliados", informou.

Preparação
As contratações dentro do Crescer só devem ser iniciadas em um mês. Nesse período, Caixa, BB e Basa devem adaptar-se às mudanças. 
 
No Banco do Brasil, segundo o presidente da instituição, Aldemir Bendine, já foram treinados 16 mil funcionários para dar assistência aos empreendedores que recorrem ao crédito orientado. No primeiro momento, o BB atenderá apenas os municípios com mais de 100 mil habitantes. Na Caixa, o trabalho será realizado por jovens aprendizes, e começará pelas regiões metropolitanas.

Crediamigo
O BNB, que a partir do Crediamigo inspirou a iniciativa federal lançada ontem, não deve prestar consultoria às outras instituições, mas viabilizará uma "troca de experiências", conforme disse a superintendente de Microfinança Urbana e MPE do banco, Anadete Torres. 
 
Segundo o presidente do banco, Jurandir Santiago, o Banco do Nordeste quer terminar 2013 com 1,4 milhão de clientes no Crescer e uma carteira de R$ 1 bilhão.

"Vamos continuar com os nosso agentes de crédito e o atendimento desburocratizado", pontuou Anadete Torres.

Segundo o BNB, desde o advento do Crediamigo, em 1998, já foram desembolsados no Ceará mais de R$ 2,1 bilhões, em 2,2 milhões de operações. Em toda a área de abrangência do banco, foram emprestados R$ 12 bilhões. 
 
Entre as unidades federadas, o Estado é o que mais faz uso dos recursos da instituição. Preocupação dos bancos privados, a inadimplência do microcrédito produtivo orientado, conforme destacado por Jurandir Santiago durante a coletiva do Crescer, é de apenas 0,9%.

COM CAPITAL DE GIRO
Cabeleireira conta que mudou de vida
A iniciativa de incentivo ao microcrédito produtivo que está sendo levada para todo o País e deve beneficiar mais 3,4 milhões de pessoas é a mesma que transformou a vida da cabeleireira Luiza de Marilac Acioly, de 47 anos.
 
Depois de 15 anos com um pequeno salão de beleza no bairro José Walter, na Capital cearense, ela sentiu a necessidade de disponibilizar produtos de maior qualidade para atrair a clientela. Sem capital de giro, recorreu ao Crediamigo, e não parou mais.

Ampliação
Após três anos, o salão dela já foi todo reformado. Mudou os móveis, equipamentos de trabalho e climatizou o ambiente. "Hoje, o salão de beleza é todo na cor que eu queria. Escolhi os tipos de móveis e de cadeiras que eu sempre sonhei", afirmou Marilac Acioly.

Empréstimos
Atualmente, entre empréstimos individuais e em grupo, ela acumula 12 carnês, todos pagos rigorosamente em dia. "A primeira vez, eu fiz mais para comprar produtos. Depois fiz um de R$ 700, um de R$ 1 mil, um de R$ 1.500; e por aí vai.
 
Quando fui reformar, tive que pegar R$ 10 mil. Isso ajudou muito a aumentar meu número de clientes.
 
Sem o capital de giro, eu não tinha condição de comprar o que o cliente queria, como boas tintas", relata.

O negócio já está rendendo tanto que a cabeleireira, que trabalha somente com a filha, já começa a planejar uma contratação, para reforçar o atendimento no salão.(DB)

DIEGO BORGESREPÓRTER

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